Quinta-feira, 7 de Abril de 2005

O meu momento final

A alma humana é pequena para tanta coisa. Pelo menos a minha é.
Porra, como é difícil mantermo-nos neutros e calmos com tanto a passar-se por nós.
Faculdade, desistência, 12º ano, tempo a mais, andebol, falta dos amigos, trabalho…
Não posso, não consigo, não é para mim!!! Porra, eu sou só um!!!
E por incrível que pareça sou só um, ou mais um daqueles irracionais que na altura preciosa, precisa e fulcral escolheu mal.
Uma escolha, um caminho, uma vida, um ano perdido, uma descrença nas minhas capacidades, uma falta de juízo aparente.
Mas pior do que não acreditar em mim, é não saber mais o que fazer. Não me mostrar capaz de encontrar um rumo para a minha triste vida.
Sinto-me confuso, impotente, incapaz de lidar com adversidades que todos me dizem serem parte da vida de cada um.
Mas os meus ombros não aguentam em si o peso de tudo, sou fraco…
Quedo-me a cada dificuldade e fico ali estendido até me apropriar das últimas forças para levantar. E volto a cair…
Não suporto pensar que não sou eu que dito as regras do jogo da minha vida, não consigo imaginar-me marioneta das vontades de entes superiores, nem brinquedo nas mãos de outros mortais. Mas é assim que sou…
Felicito-me hoje por já ter chegado até aqui, mas fico consciente que o amanhã será ainda pior, mais inquietamente duro, e aí saberei o que é penar…
Hoje estou melancólico, recordo-me do passado, saudoso e choroso, penso que os momentos só foram bons, por muito maus que possam ter sido. Ouço o “Momento Final” dos Santos e Pecadores, e rendo-me a clara evidência de que hoje como amanhã nada irá ser igual.
A nostalgia não provoca tristeza, apesar traz à memória momentos gloriosos e nevrálgicos da nossa vida que merecem ser recordados. No meu caso, a tristeza só se deve à comparação entre o ontem e o hoje. Entre o bom e o mau. Entre a felicidade e a falta dela.
Bloqueio a minha mente para não pensar mais nisto, resistir às provocações do meu cérebro, assaz capaz de me dizer indirectamente que isto não está bem, a minha vida hoje não passa de uma soma de pequenos períodos facilmente esquecíveis.
E sim, claro posso sempre contar com certas pessoas que sei que nunca me deixarão sozinhos, e por isso lhes agradeço, mas de que servem eles sem um eu? Todo o apoio que eu possa receber neste momento é nada, não tem significado no imenso vazio que sou eu. De nada vale amparar uma concha vazia, se desta nada fica para aceitar a ajuda…
Enquanto escrevo e desespero, penso em tudo o que de bom me aconteceu até hoje e reitero a minha convicção de que uma simples decisão, que obviamente eu a sabia grande, alterou por completo o quadro da minha vida. E se? Não. Não vale a pena penar mais. As opções são mesmo isso, opções.
Hoje sou menos eu do que fui anteriormente, mas não é isso que me torna defunto, não me rendi ao mais fácil. Luto, com forças que não são minhas e mesmo assim só me chegam para me manter à tona e não afundar.
Apesar de não ser justo estar aqui cheio de saúde e com várias oportunidades para ser alguém, e mesmo assim fazer um relatório tão sombrio da vida, não o podia deixa de fazer, pelo menos para exorcizar os meus fantasmas, que desde há muito me perturbam e clamam pela minha derrota. Mas também ninguém disse que eu sou justo.
Pronto vá lá, já acabou a brincadeira, já me podem dar de volta a minha vida, já me podem tirar deste mundo desnorteado pela minha cabeça sem norte mas com sul. Já chega desta partida, foi engraçada, mas hoje estou farto. Quero tudo de volta. Vou dormir, e quando acordar sei que tudo já vai estar remediado, e aí chegará o meu “momento final” onde “sei que tenho um lugar”, onde “posso enfim descansar”.
Eu sou assim, a minha vida é assim, mas não devia.

Saudações moribundas
By GoGaN^
Brilhantemente elaborado por GoGaN^ às 01:30
link | favorito
De GoGaN^ a 7 de Abril de 2005 às 18:09
Ao senhor Pedro devo dizer para da próxima vez ler com atenção o artigo, se o quiser mesmo ler.
Eu não disse nada sobre falta de amigos, apenas disse "E sim, claro posso sempre contar com certas pessoas que sei que nunca me deixarão sozinhos, e por isso lhes agradeço".
Percebeu mal senhor Pedro.
:)
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